Tarcísio de Freitas, a Anistia e o Silêncio Conveniente

 


📸 Foto: Ato na Paulista em 7 de setembro. Crédito: Estado de Minas (Fonte)

Por José Nassif

Neste 7 de setembro, enquanto milhares gritavam “sem anistia” nas ruas, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, subiu em palanque na Avenida Paulista para defender justamente o contrário: pediu anistia para Jair Bolsonaro, preso em regime domiciliar por tentativa de golpe de Estado. Para justificar sua fala, tentou um truque retórico: disse que o PT só existe hoje porque foi beneficiado pela anistia da década de 1980.

Mas é preciso colocar as cartas na mesa. De quem estamos falando? Do mesmo Tarcísio que recebeu quase meio milhão de reais em doações de campanha do PCC, como revelaram denúncias e investigações. Um governador que se elegeu surfando na onda bolsonarista, financiado com dinheiro que circula no submundo do crime organizado. Agora, defender milicianos, golpistas e a lógica da impunidade não deveria causar surpresa a ninguém.


O discurso da cumplicidade

Quando Tarcísio pede anistia, não é apenas Bolsonaro que ele defende. Ele está defendendo a si mesmo, sua base política e os interesses dos setores mais obscuros que sustentam o bolsonarismo. O que se vende como “defesa da democracia” é, na prática, um projeto de sobrevivência: manter os golpistas livres, lavar a barra dos cúmplices e preservar o poder que se alimenta da manipulação popular.

Enquanto isso, o povo de São Paulo continua a viver em uma realidade brutal: tarifas de transporte subindo, hospitais sobrecarregados, professores mal pagos e um aumento da violência urbana que escancara o avanço do crime organizado.


Corrupção e hipocrisia no governo paulista

A esquerda já vinha alertando: o discurso de gestor técnico e moderno de Tarcísio não passa de verniz. O que existe de fato é um governo marcado por contradições, omissões e suspeitas de corrupção:

  • Escândalos em contratos públicos, com denúncias de superfaturamento em obras e concessões que beneficiam aliados políticos.

  • Influência do PCC em áreas estratégicas do estado, seja por meio de doações indiretas, seja pelo controle de territórios abandonados pelo Estado.

  • Violência policial seletiva, que atinge de forma desproporcional pobres e negros da periferia, enquanto o governador prefere se calar diante de chacinas e abusos.

  • Falta de políticas sociais estruturantes, deixando São Paulo — o estado mais rico do país — refém da desigualdade, com periferias dominadas pelo crime organizado.

Tarcísio, ao invés de enfrentar esses problemas de frente, escolhe mirar seus esforços políticos em defender Bolsonaro. É a política do silêncio conveniente: cala para os crimes que explodem dentro de sua gestão, mas grita alto quando se trata de proteger seu padrinho político e os cúmplices de um golpe.


São Paulo como laboratório do retrocesso

É preciso reconhecer: São Paulo virou um laboratório do bolsonarismo pós-golpe. A gestão de Tarcísio não só dá palanque a discursos autoritários, como também normaliza a ideia de que alianças com o crime organizado e com setores golpistas são parte do jogo democrático.

Essa normalização é perigosa. Quando um governador que deveria dar exemplo de institucionalidade defende anistia para quem tentou destruir as instituições, o recado é claro: a lei existe para uns, mas não para todos. Para os poderosos, vale a impunidade; para os pobres, vale o peso da repressão.


O verdadeiro recado do povo

Enquanto Tarcísio pede anistia na Paulista, o povo nas ruas manda outro recado: não há anistia para traidores da pátria. As manifestações de 7 de setembro, carregadas de gritos de “sem anistia”, mostram que a sociedade não esqueceu o que aconteceu em 8 de janeiro.

Não há perdão para quem atacou os Três Poderes. Não há perdão para quem conspirou com generais, empresários e parlamentares em prol de um golpe. A história não será escrita pelos covardes de gabinete, mas pelos cidadãos conscientes que sabem que democracia não se negocia.


Conclusão crítica

Tarcísio de Freitas pode tentar se vender como gestor moderno, mas suas escolhas políticas mostram outra coisa: um governador alinhado com o crime organizado, cúmplice da extrema direita e defensor da impunidade.

Quando a história for contada, ficará claro: não foi a anistia que manteve a democracia de pé, mas sim o povo que resistiu contra políticos oportunistas, milicianos engravatados e governadores covardes.

E diante disso, a mensagem permanece: não há anistia para traidores da pátria. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca.

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