Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Por José Nassif
O dia 9 de setembro de 2025 ficará marcado na memória política do país como o dia em que o Supremo Tribunal Federal começou a escrever, com minúcia quase teatral, um capítulo que poderá selar o destino de Jair Bolsonaro e seus comparsas. Um julgamento que mistura drama, suspense e aquele perfume inconfundível de teatro institucional.
Alexandre de Moraes, o relator, iniciou a sessão com a precisão de um maestro que rege sua orquestra, transformando documentos e depoimentos em uma sinfonia de acusações. Durante horas, apresentou provas que pintam Bolsonaro como líder de uma organização criminosa dedicada a subverter a ordem democrática. Não poupou palavras nem gestos: o ex-presidente teria tentado, por vias violentas, abolir o Estado de Direito e perpetuar-se no poder. O placar começou 1 a 0 para a condenação, mas todos sabiam que aquela contagem era apenas o começo.
Em seguida, Flávio Dino entrou em cena, seguindo a trilha traçada por Moraes, reforçando que os crimes cometidos são insuscetíveis de anistia. Destacou que Bolsonaro e seus aliados, como o general Braga Netto, deveriam receber penas mais severas, dada sua posição de liderança na trama. O placar subiu para 2 a 0, deixando a defesa em estado de alerta e lembrando que, no tabuleiro da política, cada movimento é observado com lupa.
A sessão foi interrompida, mas a expectativa era clara: nos próximos dias, Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin dariam seu veredicto. Com apenas um voto necessário para formar a maioria, o destino de Bolsonaro e seus aliados parecia pendurado à beira de uma navalha.
Este julgamento não é apenas um rito jurídico; é um divisor de águas na história política do Brasil. A decisão do STF enviará uma mensagem cristalina sobre os limites da democracia e sobre as consequências para aqueles que ousam desafiá-la. Enquanto isso, o país observa, atento, como quem acompanha um romance policial, ansioso pelo próximo capítulo.
E amanhã, o que esperar de Luiz Fux?
Fux se coloca como contraponto a Alexandre de Moraes, aquele ministro sempre pronto para reger sua sinfonia de provas com mão firme e olhar de maestro. Entre olhares e gestos contidos, Fux mostrou que não pretende se deixar levar pelo teatro da política nem pelas plateias ensandecidas. Sua abordagem promete ser cautelosa, meticulosa, quase cirúrgica, como quem revisa cada linha de um contrato com o diabo.
É razoável imaginar que seu voto será uma pequena obra-prima de prudência jurídica: detalhado, fundamentado, alinhado com os princípios do direito processual e, sobretudo, resistente às pressões externas e aos aplausos fáceis. Amanhã, todos os olhos estarão voltados para Fux — aguardando, talvez com ansiedade contida, que ele desempenhe seu papel de guardião da legalidade e da justiça, escrevendo mais um capítulo memorável no julgamento que já se tornou pedra angular da história brasileira.

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