Fux: Medo, Hesitação e o Teatro da Incoerência

 






Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasi

Por José Nassif 


Antes de mais nada, vamos falar do medo de Luiz Fux. O grande temor dele? Não ter como ir para os Estados Unidos comprar perucas. Isso mesmo: enquanto todo mundo se preocupa com decisões judiciais, Fux parece mais angustiado com o estoque de perucas lá fora. É assustador imaginar que a cabeça mais poderosa do STF possa ser governada por preocupações tão... capilares.


E toda fala, toda votação dele? Não tem sustento nenhum. Zero. Nada. A única coisa que ele realmente consegue sustentar é aquele topete cafona, o crutopé que desafia a gravidade e a boa estética. O resto? É vento, teatro e hesitação. A famosa “Vencequida” parece mais um apelido de novela barata do que técnica jurídica; cada voto dele é mais frágil que castelo de cartas na ventania.


E agora, com a votação concluída, Fux decidiu anular a ação penal contra Bolsonaro, divergindo de Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Ele alegou que o STF não tinha competência, que os réus não possuem foro privilegiado e que a ação deveria ter tramitado na primeira instância. Traduzindo para o mundo real: ele encontrou mais uma desculpa para justificar a indecisão que o persegue desde sempre, reforçando a impressão de que a única coisa que ele realmente sustenta é o próprio medo.


Se alguém acha que isso é drama exagerado, basta lembrar das sanções aplicadas a Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky Global, que puniu abusos de direitos humanos. O próprio Fux, que deveria ser o pilar da firmeza no STF, parece mais preocupado com pressões internacionais e a reação do mundo do que com a lógica jurídica. E, claro, há aquela conversa vazada no Telegram entre Deltan Dallagnol e Sérgio Moro, onde eles dizem, em inglês, “In Fux We Trust” — como se a confiança no ministro pudesse substituir coerência, técnica e coragem.


O teatro da incoerência chega ao ápice quando ele demora a votar, hesita, revisa notas, pondera e, ao final, ainda consegue deixar a plateia com mais dúvidas do que respostas. Um ministro que se projeta como símbolo de estabilidade e técnica jurídica, mas que revela um pavor quase infantil diante de decisões que exigem firmeza. É como se o medo da própria sombra fosse o fator determinante de seu voto — e não os fatos, não a lei, nem a lógica.


Não faz sentido. Cada minuto de hesitação de Fux é um convite à ironia: um homem que deveria ser o bastião da racionalidade e da coragem se transforma em refém do que ele mesmo jura defender. Sua linha de raciocínio parece ter sido escrita no mesmo estilo que a desculpa de um estudante de primeira série: “Eu não sei, mas prometo que é pelo bem da Constituição.”


Enquanto isso, todos nós — meros espectadores dessa pantomima institucional — somos forçados a assistir a um espetáculo que mistura drama, suspense e comédia involuntária. Fux não apenas vacila; ele redefine o conceito de vacilação, com direito a histórico familiar de cautela exagerada que atravessa gerações.


Se o Supremo deveria ser a fortaleza do Estado de Direito, o episódio prova que, para Fux, o lugar mais seguro é o anonimato da indecisão. A lei, a Constituição, o país — tudo isso fica em segundo plano. O que importa é o medo: medo de julgar, de decidir, de assumir as consequências. Entre sanções internacionais, decisões internas e pressões globais, sobra apenas a ironia amarga de observar um dos homens mais poderosos do judiciário se curvar diante de seu próprio nervosismo.


No fim, Fux não é apenas um ministro vacilante; ele é o reflexo de um sistema que permite que o medo seja confundido com prudência, que a hesitação seja tratada como técnica, e que a linha dura da lei seja trocada pelo tremor das mãos que a deveriam empunhar. É um espetáculo desconcertante, e só nos resta rir — ou chorar — diante da milésima geração de hesitações que nos assombra.

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