Desde quando nossos eleitores ficaram tão desmemoriados? O 7 de Setembro e a inversão de valores



Foto: Protesto em Juiz de Fora no Dia da Independência, com apoio a Bolsonaro e pedidos de anistia para condenados pelos atos de 8 de janeiro. Crédito: G1 Minas Gerais.

Por José Nassif

"Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões"

– Renato Russo

Neste domingo, o Brasil comemorou mais um Dia da Independência. Mas a celebração se perdeu em meio a um espetáculo de incoerência histórica, hipocrisia e inversão moral.

O mais grave não é a situação do ex-presidente golpista, que atualmente cumpre prisão domiciliar — isso já seria um escândalo por si só —, mas sim a cumplicidade de Deputados, Senadores e Governadores eleitos pelo povo, que o apoiam, pedem anistia e atacam abertamente a democracia. A Extrema Direita e o Centrão perderam a cabeça, transformando-se em cúmplices do golpista e ameaçando o Estado de Direito.

E a pergunta que não quer calar: desde quando a população brasileira ficou tão desmemoriada e alienada? Muitos se tornaram negacionistas, viralatistas, incapazes de perceber a realidade diante de seus olhos. Nem a ciência explica como o QI de algumas pessoas parece evaporar diante de narrativas manipuladas e lavagem cerebral política, tornando cidadãos cúmplices involuntários da destruição da democracia.


Covardia institucional e descaso parlamentar

Parlamentares que juraram defender a Constituição agora sequestram mesas diretivas, impedem o funcionamento regular do Parlamento e até fogem para os Estados Unidos para proteger interesses pessoais.

Tomemos o exemplo do Presidente da Câmara, Hugo Motta. Sua função é clara: garantir a ordem, defender a Constituição e proteger o Parlamento. Mas diante de Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli — parlamentares que desafiam abertamente a democracia — Motta recua, prefere usar burocracia, adia decisões e mantém silêncio.

A pergunta é direta: desde quando um representante do povo brasileiro deve se curvar ao medo de golpistas? O salário que recebe vem do suor do povo; a responsabilidade é histórica.


Eleitores desmemoriados e viralatismo político

Parte da população segue a mesma lógica invertida: viralatisse para golpistas, carregando bandeiras estrangeiras enquanto insulta sua própria nação. Eles ignoram:

  • Que a democracia brasileira é fruto de décadas de luta, sangue e resistência;

  • Que a Constituição protege a liberdade e os direitos civis conquistados com esforço histórico;

  • Que apoiar golpistas é trair a própria pátria.

E ainda assim, aplaudem aqueles que se posicionam contra a justiça, contra a Constituição e contra a própria soberania.


Retrospecto histórico: nada justifica trair a pátria

Durante a ditadura militar (1964–1985), milhões lutaram por liberdade, expressão e direitos humanos. Hoje, parte do Congresso quer normalizar a traição, defender golpistas e criar uma narrativa de “anistia para traidores da pátria”.

Não há desculpa, não há reconciliação possível: não há anistia para quem ameaça a democracia e desrespeita a Constituição.


7 de Setembro: do simbolismo à distorção

O desfile cívico-militar em Brasília expôs a dicotomia entre povo e traidores:

  • Manifestantes gritaram “sem anistia”, defendendo que golpistas não sejam absolvidos;

  • Ao mesmo tempo, grupos que defendiam a ditadura transformaram o feriado em palanque contra instituições que protegem a democracia.

A ironia é cruel: os mesmos que pediram ditadura hoje acusam a democracia de ditadura, invertendo a narrativa histórica.


Consequências perigosas

Essa inversão de valores não é apenas absurda; é perigosa e insidiosa:

  1. Normalização do revisionismo histórico: apagar a memória coletiva cria cidadãos desinformados, incapazes de reconhecer o valor da democracia;

  2. Erosão da confiança nas instituições: ataques ao STF e às eleições livres ameaçam a estabilidade política;

  3. Legitimação de narrativas golpistas: ao comparar democracia com ditadura, abre-se espaço para discursos autoritários se apresentarem como “justiça histórica”;

  4. Desinformação e polarização: a incapacidade de distinguir entre ditadura e democracia amplia o ódio político, tornando o debate público insustentável.


Conclusão crítica

O que vemos hoje é um eleitor desmemoriado e seletivo, que aplaude golpistas e acusa de ditadura quem garante liberdade.

Desde quando nossos eleitores ficaram tão desmemoriados?
O que antes era ditadura, com censura, tortura e perseguição política, hoje é rotulado como democracia opressora.

A memória histórica não é luxo nem detalhe acadêmico. É a base que sustenta cidadania, liberdade e direitos conquistados com sangue e coragem. Ignorá-la, manipulá-la ou relativizá-la não apenas distorce o passado, mas ameaça o futuro do Brasil.

O país precisa de coragem institucional, memória viva e cidadãos conscientes. Não há anistia para traidores da pátria. Quem ignora isso, ignora o país.


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