Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Por Lara Monteiro
O Brasil encara em 2025 um cenário econômico complexo. Apesar de sinais de recuperação, o crescimento permanece moderado, a inflação ainda se mantém acima da meta e a taxa de juros elevada restringe o crédito. Para 2026, as projeções indicam continuidade dessa tendência, com espaço para avanços estruturais que podem beneficiar a população de forma mais ampla.
Crescimento Econômico: avanços e limitações
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) manteve a projeção do PIB para 2025 em 2,4%, mas revisou para baixo a estimativa de 2026, para 1,8%.
O crescimento recente tem sido impulsionado principalmente pelos setores de serviços, comércio e indústria, enquanto o agronegócio segue registrando recordes de produção e exportação. No entanto, grande parte desse avanço beneficia setores específicos da economia, mantendo a concentração de riqueza que não se reflete na renda da população de baixa e média renda.
Historicamente, o país enfrentou recessão técnica em 2022, com contração do PIB de 3,9%. Em 2023, a economia cresceu 4,6%, mostrando recuperação, mas ainda longe do ideal. O cenário atual aponta estabilidade relativa, porém com ritmo mais lento, influenciado por fatores internos e externos, como desaceleração global e ajustes fiscais.
Inflação: controlada, mas ainda preocupante
O IPCA desacelerou, mas permanece acima da meta oficial do CMN (3% com tolerância de 1,5 ponto percentual). Em julho de 2025, acumulou 5,23% em 12 meses, aliviando a pressão sobre o orçamento das famílias, mas ainda impactando o poder de compra.
A inflação percebida pela população continua elevada, especialmente em alimentos, energia elétrica e transporte público, áreas que afetam diretamente a qualidade de vida. Comparativamente, houve melhora em relação a 2022 (5,8%) e 2023 (4,6%), mas políticas mais direcionadas são necessárias para proteger o cidadão comum.
Taxa de Juros e crédito: restrição persistente
O Copom manteve a Selic em 15% ao ano, a mais alta desde 2006, para conter a inflação. A medida torna o crédito mais caro e restringe consumo e investimento, especialmente para pequenas e médias empresas.
A expectativa para 2026 é de redução gradual da Selic para 12,5%, o que pode estimular consumo, reduzir custos financeiros e aumentar a confiança de investidores e empresários.
Mercado de Trabalho: avanços e desafios
No segundo trimestre de 2025, a taxa de desemprego caiu para 5,8%, o menor nível desde o início da série histórica da PNAD Contínua em 2012. Há crescimento na formalização, garantindo maior segurança e renda aos trabalhadores.
Apesar disso, a informalidade ainda atinge grande parte da população, especialmente jovens e moradores de regiões metropolitanas. Para 2026, a previsão é manutenção da taxa em torno de 6%, indicando estabilidade relativa, mas sem resolver problemas estruturais.
Perspectivas para 2026
As projeções indicam crescimento moderado do PIB (1,8%) e inflação controlada (3,6%), dentro do intervalo de tolerância do CMN. A Selic deve recuar gradualmente, estimulando consumo e investimento, enquanto o mercado de trabalho deve manter estabilidade.
A redução da informalidade e políticas focadas em diminuir desigualdade podem contribuir para que os benefícios do crescimento cheguem a um número maior de brasileiros.
Conclusão: desafios estruturais e oportunidades
O Brasil apresenta sinais de recuperação econômica, mas enfrenta desafios significativos: crescimento desacelerado, juros altos e desigualdade persistente exigem atenção contínua do governo.
Ao mesmo tempo, o controle da inflação, a queda do desemprego e a formalização indicam avanços importantes. O futuro dependerá do equilíbrio entre políticas macroeconômicas prudentes e medidas que promovam inclusão social e desenvolvimento sustentável, garantindo que o crescimento beneficie efetivamente a população.

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