Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por José NassifO 11 de setembro de 2025 entrou para a história como o dia em que a democracia brasileira enfrentou seu maior teste institucional desde a redemocratização. Jair Bolsonaro e seus aliados mais próximos foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal, com penas que variam de 2 anos a 27 anos e 3 meses. Não houve aviões, nem tanques nas ruas, mas houve a queda de um mito fabricado, de generais de pijama conspirando e delações mais escandalosas que novela mexicana.
E como toda boa tragédia internacional, não podia faltar a cereja do bolo: Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, declarou estar “surpreso e insatisfeito” com a condenação de Bolsonaro. Sim, o líder da maior potência mundial se mostrou indignado porque o Brasil decidiu aplicar justiça a quem tentou derrubar a própria democracia. Que delicadeza diplomática e quão reveladora é essa arrogância externa.
STF: Justiça ou Teatro?
O Supremo Tribunal Federal buscou mostrar força, mas não sem contradições. Luiz Fux, conhecido por discursos institucionais, desta vez tentou adotar firmeza, mas a postura revelou mais preocupação com a política interna da própria Corte do que com a clareza da sentença. Seu famoso “ninguém fechará esta Corte” soa hoje mais como marketing pessoal do que como contundência jurídica.
No entanto, quem realmente deixou sua marca histórica foi Cármen Lúcia. Com coragem, precisão e convicção, foi ela quem assumiu a linha de frente da justiça, confrontando diretamente os réus e consolidando o desfecho que levaria Bolsonaro à cadeia. Se há um nome que merece ser lembrado como mártir da democracia, é o dela: a mulher que colocou Bolsonaro na cadeia e provou que, quando a Constituição é respeitada, não há mitos que resistam à lei.
Alexandre de Moraes e Flávio Dino reforçaram a narrativa: o golpe estava documentado, estruturado e hierarquizado. Cristiano Zanin desmontou a narrativa de inocência com precisão cirúrgica, mostrando que a organização criminosa existia, que havia comando e obediência. Mas foi Cármen Lúcia quem simbolizou o país inteiro dizendo: “basta”.
As Penas e Seus Ecos
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Jair Bolsonaro – 27 anos e 3 meses, regime fechado
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Walter Braga Netto – 26 anos
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Anderson Torres – 24 anos
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Almir Garnier – 24 anos
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Augusto Heleno – 21 anos
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Alexandre Ramagem – 16 anos, 1 mês e 15 dias, regime fechado
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Mauro Cid – 2 anos, regime aberto
A justiça foi exemplar, lembrando a todos que ninguém está acima da lei, nem ex-presidentes, nem generais, nem aliados internacionais reclamando de fora.
O Brasil, o Chile e os EUA
Se nos EUA o 11 de setembro representa destruição externa, e no Chile simboliza a ruptura militar, o 11 de setembro brasileiro representa resistência institucional. Não houve armas nas ruas, apenas votos, provas e coragem cívica.
Trump, indignado como um protagonista que perdeu seu aliado favorito, mostra que o Brasil não é mais o quintal de aventuras políticas de ninguém. A ironia é cruel: a democracia brasileira segue firme enquanto o presidente dos EUA demonstra incômodo público com a aplicação da lei em outro país.
A Ironia Final
O espetáculo está completo: ex-presidente condenado, generais e aliados à espera da justiça, e um presidente estrangeiro reclamando do “destino injusto” de quem tentou derrubar a própria democracia.
O 11 de setembro brasileiro não será lembrado por tragédia, mas pela vitória da lei sobre a aventura autoritária. E Fux? Mostrou firmeza, sim, mas também revelou suas prioridades políticas internas, deixando claro que nem sempre a institucionalidade está acima de conveniências pessoais.
Cármen Lúcia, ao contrário, tornou-se um símbolo nacional: a mulher que enfrentou o mito, desafiou o poder e fez justiça. Se o país lembrar de um rosto neste 11 de setembro, será o dela.

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