Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal bateu o martelo. Jair Bolsonaro, o homem que testou os limites da democracia brasileira, foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão em regime fechado por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e ameaça grave ao Estado Democrático de Direito. Pela primeira vez na história do país, um ex-presidente enfrenta uma sentença de tamanha magnitude.
A decisão foi clara, mas o país permanece dividido. Quatro ministros votaram pela condenação; apenas Luiz Fux se manteve do lado da impunidade. Não se trata de política partidária: trata-se da sobrevivência do Estado de Direito. Bolsonaro instrumentalizou instituições, espalhou mentiras, inflamou ódios e tentou se manter no poder à força — e por isso será punido.
Uma sociedade dividida, um país em alerta
O Datafolha registra que 50% da população apoia a prisão, enquanto 43% se opõem. Essa divisão é reflexo de uma nação em choque: metade ainda acredita no mito construído por anos de propaganda bolsonarista; a outra metade entende que a democracia não pode ser negociada nem relativizada.
Nas ruas, manifestantes defendem Bolsonaro com bandeiras e gritos de guerra. Em São Paulo, governadores e parlamentares de direita organizaram atos públicos, enquanto o presidente Lula convoca a sociedade a defender a soberania e a democracia. O Brasil está em um ponto de inflexão histórico: não há espaço para neutralidade.
O bolsonarismo não morre, se reinventa
Condenado ou não, Bolsonaro permanece influente. Sua base, fiel e organizada, continua sendo um fator decisivo na política nacional. Líderes evangélicos e políticos de direita já articulam um “Bolsonarismo 2.0”, com novos rostos que carregarão seu legado de extremismo e ataques às instituições. Tarcísio de Freitas, Ratinho Junior, e outros nomes da direita populista são apontados como possíveis continuadores.
Mas aqui vai o aviso: a condenação não é apenas um castigo a um homem; é um recado para todo aquele que pensa que pode torcer o Estado de Direito a seu favor. É a demonstração de que a democracia brasileira não é negociável.
Conclusão: entre medo e esperança
A sentença de Bolsonaro é um marco histórico, um espelho que reflete nossas fragilidades e fortalezas. É a chance de o Brasil dizer, alto e claro: democracia não se ameaça. Mas também evidencia que a batalha não termina com uma pena — ela continua nas ruas, nas urnas, nas instituições e na mente de cada cidadão.
O país está diante de um desafio: resistir ao fantasma do autoritarismo e reconstruir a confiança nas estruturas democráticas. Porque se Bolsonaro é o teste, a sociedade brasileira tem a obrigação de passar com honra.

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