PEC da Blindagem ou da Bandidagem: o circo da conveniência

 



 Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Por José Nassif

A PEC da Blindagem, vendida como proteção institucional, é, na prática, um tapete vermelho para a impunidade. E quem aplaude em primeira fila? Apenas doze deputados do PT e o PDT, que ainda tenta se apegar à memória de Brizola, transformando o plenário em palco de circo grotesco. O que temos aqui não é política; é performance de conveniência, espetáculo de vaidade e oportunismo.

Os doze do PT, eleitos sob bandeiras de ética, transparência e justiça social, decidiram que blindar colegas poderosos é prioridade maior do que defender o povo que os colocou lá. É quase poético: o partido que sobreviveu a crises e escândalos vota agora em favor de mecanismos que impedem qualquer investigação que não sirva aos seus interesses. É uma traição histórica, temperada de ironia cruel, que transforma promessas em lembranças de campanha desbotadas.

E o PDT? Ah, o PDT… Fundado por Leonel Brizola, que atravessou décadas combatendo a corrupção e a impunidade, hoje se curva diante de uma laia que ele próprio dedicou a vida inteira a enfrentar. É difícil não imaginar Brizola, de chapéu na mão e olhos fulminantes, olhando para o plenário: “Vocês venderam a história do partido por um cheque simbólico de conveniência política?”. O que era partido virou plateia silenciosa de um circo grotesco, com direito a malabaristas de discurso e trapezistas da conveniência.

O espetáculo é digno de novela — e de humor negro. Deputados aplaudem a blindagem como se fossem heróis, enquanto a população, impotente, assiste à peça com mistura de indignação, riso nervoso e desespero contido. A ironia é irresistível: defendem um partido progressista, mas votam como se fossem personagens de sitcom, onde coerência e ideais são piadas internas que só eles entendem. Cada voto a favor é um ato teatral, com palco iluminado, câmera pronta e egos inflados.

E eis que entram os heróis da esquerda e da memória política brasileira, observando constrangidos e comentando, se vivos estivessem.

Leonel Brizola jogaria a gravata na TV: “Traidores! Vocês transformaram luta em farsa, compromisso em cena!”

Carlos Marighella apontaria sem rodeios: “Blindam-se da justiça enquanto o povo sangra. É um atentado contra a memória de quem lutou de verdade, e vocês aplaudem.”

João Goulart (Jango) diria, com ironia amarga: “Não é reforma institucional que vejo aqui; é teatro de vaidades. Vocês dizem proteger o país, mas só protegem a si mesmos. Minha geração lutou por direitos, justiça e democracia; vocês a trocam por aplausos e blindagem de impunidade.”

Luís Carlos Prestes balançaria a cabeça: “Circo de vaidade em nome da ética. Patético.”

Chico Mendes e Marielle Franco fariam coro imaginário: “Protegem os poderosos, esquecem o povo. Vocês confundem poder com serviço público.”

O que todos esses heróis teriam em comum? Um desprezo absoluto pela conveniência política, uma crítica cortante à hipocrisia e à traição dos princípios. Cada voto a favor da PEC da Blindagem é um ato teatral, cada discurso, uma performance cuidadosamente ensaiada. A PEC não protege cidadãos comuns; protege ego inflado e vaidade partidária, enquanto o país sangra com impunidade.

Mas nem tudo está perdido. É aqui que a história mostra sua graça: PSOL, PCdoB, REDE e os deputados do PT que realmente votaram contra a PEC merecem aplausos. Eles desafiaram o circo, mantiveram princípios e lembraram que coerência ainda é possível. Esses parlamentares são a prova de que, mesmo num plenário dominado pelo oportunismo, ainda existem vozes que não vendem seus valores por espetáculo ou conveniência.

E para fechar, um pedido formal: que o PT nacional avalie com rigor e responsabilidade o comportamento desses deputados traidores e proceda com sua expulsão imediata do partido, como forma de reafirmar princípios históricos, ética e compromisso com o povo.

Brasil, 2025: palco armado, aplausos de conveniência, princípios trocados por espetáculo — mas ainda há quem se recuse a aplaudir a impunidade. A PEC da Blindagem é o circo da conveniência e da traição histórica, e é a ação firme contra os traidores que mantém viva a esperança de uma política mais coerente.

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